“E não somente isto, mas também nos gloriamos
nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a
experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão,
porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo
que nos foi dado.” Rm 5:3-5
Esperar
não é fácil. Principalmente em tempos onde se nutre uma mentalidade imediatista
e onde resultados imediatos nos são constantemente cobrados.
Nos
dias de hoje, parece que só tem valor quem “mostra serviço”. A espera às vezes
nos torna aparentemente inoperantes, nos traz um sentimento de inutilidade e de
estarmos perdendo tempo.
Sim,
existem tempos em que é preciso agir e não apenas esperar que algo caia nas
nossas mãos. Mas a espera às vezes é necessária. Afinal, ela é uma oportunidade
de crescimento, amadurecimento.
Na
caminhada da vida, e também na caminhada com Jesus, é necessário amadurecer,
progredir, ter menos de si e mais do caráter de Jesus, aprender a ouvir o “não”
com a mesma prontidão e simplicidade com que se ouve o “sim”.
Amadurecer
é deixar os fundamentos bem firmes para que um “algo mais” possa ser
acrescentado (Hebreus 6:1-3). Amadurecer dá trabalho. Exige que estejamos
exercitados para saber diferenciar o que é precioso daquilo que é sem valor
(Hebreus 5:13).
Talvez
para você, assim como para mim, esse processo de espera e amadurecimento esteja
levando mais tempo que você esperava. Ah como é frustrante quando cometemos os
mesmos erros e precisamos ser exercitados e provados por Deus novamente!
A boa
notícia é que ele não nos ama mais ou menos por causa do nosso nível de
maturidade. Ele nos ama assim como ama seu filho Jesus. Ele nos vê através do
sacrifício eterno de Cristo.
Todos
nós, em algum tempo de nossa vida, já esperamos ou esperaremos por alguma
coisa. Por um emprego, um amigo, uma cura, um casamento, um filho... Por mais
que já tenhamos realizado inúmeros sonhos em nossa vida, muitos outros
certamente virão.
Sempre
teremos a necessidade de algo novo, pois quanto mais temos, mais queremos. E
nesse anseio, esperamos.
Esperar
requer tempo – tempo este que nem sempre depende de nós e que muitas vezes não
estamos dispostos a esperá-lo. Esperar requer fé, o firme fundamento das coisas
que se esperam e a prova das coisas que não se vêem. Esperar requer, sobretudo,
confiar em Deus que, muitas vezes, trabalha em silêncio.
Aqueles
que entendem o propósito da espera são capazes de esperar com alegria a
despeito do quão difícil isso seja, porque se fortalecem em Deus. Outros, no
entanto, aprendem da maneira mais difícil, porque tentam “apressar Deus”,
acreditam que podem ajudar Deus a agir, e o resultado é sempre desastroso.
A
Palavra do Senhor nos revela, no Salmos 103.14, que ele conhece a nossa
estrutura e sabe que somos pó. Somos tão frágeis! Você já viu como o dicionário
define a palavra “pó”? Como “uma finíssima partícula de terra seca; qualquer
coisa sólida que foi submetida a moagem, a trituração”. Assim somos nós: terra
seca, sedenta de água, moídos e triturados.
Nessa
nossa fragilidade, somos desafiados a esperar o tão sonhado emprego, o tão
sonhado casamento, o tão sonhado filho. É por isso que há uma promessa
maravilhosa nos Salmos 126 dizendo que quando o Senhor nos trouxe do cativeiro
de volta a Sião ficamos como quem sonha, porque nossa língua se encheu de
cantos de alegria e assim os povos diziam “grandes coisas fez o Senhor por nós
e por isso estamos alegres”.
Nossa
vida de espera, está debaixo da lei espiritual que diz que tudo aquilo que o
homem semear, isto também ceifará (Gl 6.7). É uma questão de escolha. Se
esperamos no Senhor, do Senhor receberemos. Se esperamos do mundo, do mundo
receberemos.
No entanto, Deus quer vivamos a promessa do
Salmos 126, que diz: “Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria. Aquele
que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com
alegria, trazendo consigo os seus molhos.” (Salmos 126.5-6).
Temos
que ser como sementes que, para brotarem, têm que morrer. Para brotar, a
semente precisa crescer e se tornar uma árvore; precisa ser bem cuidada,
necessita de água, de calor, de oxigênio, de elementos que darão a vida para
que ela sobreviva, cresça e dê muitos frutos.
Assim
como a semente depende de alguém que cuide dela a fim de que ela cresça, assim
também nós dependemos do Senhor – da sua luz, do seu calor, do seu sopro para
crescermos e darmos frutos no tempo devido.
Tudo
é uma questão de tempo. A diferença entre nós e uma simples semente é que ela
não tem vontade própria, ou seja, ela não tem como dizer ao seu Criador: “Não
quero que você cuide de mim”. Nós, porém, temos esse poder de decisão.
Quando
esperamos algo de Deus, dizemos a ele: “Está demorando demais. Não quero que
cuide de mim, posso me virar sozinho”. Nós buscamos isso, e isso é o que vamos
colher.
Quais
são as nossas condições hoje para recebermos a promessa? Será que estamos
prontos para recebermos aquilo que Deus já reservou para nós? Você está
preparado para colher os frutos da promessa? O que você fará depois com eles?
Muitos
quando recebem uma bênção, se esquecem de Deus, de continuar buscando a
presença dele, de forma intensa, quando o faziam no período de espera. Será que
podemos dizer: “Senhor, muito obrigado por esta bênção. Continuo confiando em
ti. Agradeço por continuar a confiar em mim!”?
É
preciso morrer como a semente. Morrer para si mesmo e ter a esperança de colher
os frutos no tempo devido. Morrer para o mundo, se ver como pó; crer e esperar
que a bênção de Deus enriquece e não acrescenta dores.
Deus sabe esperar.
Isso
porque ele conhece os tempos, tem nossa história em suas mãos soberanas e
garante que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que o amam.
O
nosso Deus ainda continua transformando vales em mananciais, desertos em
pomares, noites escuras em manhãs cheias de luz, vidas esmagadas pelo
sofrimento em troféus da sua generosa graça.
A
presença de Deus é real, embora não vista; a presença de Deus é constante,
embora nem sempre sentida; a presença de Deus é restauradora, embora nem sempre
reconhecida.
Deus
não nos livra de sermos humilhados, mas nos exalta em tempo oportuno... Deus
não nos poupa de sofrermos injustiças, mas nos dá poder para triunfar sobre
elas através do perdão...
Há um
plano perfeito sendo traçado no andar de cima. Deus está no controle. Ele está
vendo o fim da história. Ele vai tecendo os fios da história de acordo com o
seu sábio propósito.
Os
dramas da nossa vida não apanham Deus de surpresa. Os imprevistos dos homens
não frustram os desígnios de Deus.
Deus jamais desampara os que confiam nele.
Ele não nos poupa dos problemas, mas caminha conosco nos problemas.
Quando passamos pelo vale da sombra da morte,
ele vai conosco... Quando passamos pelas ondas, rios, fogo – ele vai conosco...
Jesus prometeu estar conosco sempre, todos os dias da nossa vida, até a
consumação dos séculos.
Por isso o esperar é uma virtude de quem tem
olhos no futuro invisível, ao invés de focar no imediato que está diante dos
olhos.
Só quem crê, conhece e confia no caráter de
Deus, é capaz de esperar. A esperança é fruto de uma visão e expectativa da
eternidade perfeita em Jesus.
Só esperamos com paciência por aquilo que
realmente vale à pena. E por Jesus vale à pena esperar. Nele nossas esperanças
jamais serão frustradas, jamais se perderão. Ele próprio é a recompensa mais
que perfeita para aquele que espera.
Que a visão do nosso futuro em Jesus seja
ampliada, para que as dores e as renúncias da espera não nos amargurem.
Confie em Deus quando as coisas estiverem no
seu pior estágio. Espere e confie. A tempestade vai passar. O sol vai voltar a
brilhar...
Saiba que Deus tem grandes propósitos em
vista na sua vida e esta história ainda não acabou.
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