terça-feira, 22 de novembro de 2011

Que posso fazer? Se não entregar-te ò Deus, o meu coração?! (Lc 9.59-62)

Em Efésios 5.2 o apóstolo Paulo diz: “andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave”.

É impressionante lermos essa declaração a respeito do amor de Cristo por suas ovelhas dada a Paulo pelo Espírito Santo. Não há outra forma mais direta de explicar o que Cristo faz por sua Igreja, por seus discípulos, por suas ovelhas, por seus seguidores, que declarar o quanto Ele nos ama. É algo bem diferente quando olhamos para qualquer outro líder.

Nenhum gerente, administrador, empresário, ou dirigente de instituição humana se dispôe a amar aqueles que estão sob sua liderança da mesma forma que Cristo amou a Igreja. Seu amor é incomparável, seu amor é infinito, seu amor é leal, seu amor é completo, seu amor é sem medida, seu amor é especial, é único. Quando você for participar da Ceia arrependa-se do que fez no passado.

No texto de Lucas, temos aqui um chamado de Jesus a duas pessoas diferentes, mas que lhe responderam de modo semelhante. Enquanto Jesus esperava de cada uma delas um profundo comprometimento, elas, por sua vez, estavam presas demais às coisas terrenas e valores familiares. A primeira queria sepultar seu pai e a segunda queria ao menos despedir-se dos seus. Mas Jesus deixa claro que depois de terem se envolvido com ele, estas pessoas não tinham mais a opção de olhar atrás. Se o fizessem, não seriam aptas para o Reino de Deus.

A verdade é que todos temos dificuldades de abrir mão de determinados valores. Ficamos presos à algumas coisas de nossa vida. Mas quando se trata de seguir ao Senhor, não podemos ter nada que nos prenda. Não podemos mais olhar para trás. Quem põe a mão no arado, precisa olhar para frente, focar sua meta. Se olhar para trás não será bem-sucedido. Semelhantemente, se queremos servir ao Senhor, a opção de olhar atrás não deve existir.

Olhar atrás significa ter saudades do que deixamos, e Deus não admite isto. Jesus também ensinou acerca disto: “Lembrai-vos da mulher de Ló” (Lc 17:32). Além de validar o relato do Velho Testamento sobre o que ocorreu com a mulher de Ló, Jesus está nos dizendo que precisamos aprender com ela, que precisamos memorizar o que havia acontecido com ela.

O Velho Testamento está cheio de memoriais. Monumentos ou episódios que não deveriam ser esquecidos. Não para que o povo de Deus ficasse preso à história, mas para que retivesse as lições que serviriam sempre ao mesmo propósito. Quando o Senhor tirou Ló e sua família de Sodoma, advertiu-lhes claramente a que não olhassem para trás. Temos uma figura aqui. Sodoma e Gomorra figuram este mundo perdido e devasso que há de ser julgado por Deus. O livramento de Ló e sua família figuram nossa salvação e livramento do juízo e condenação deste mundo.

Para não ser julgado com o mundo, não basta apenas sair geograficamente dele. É preciso que nosso coração também saia de lá! Ao ordenar que não olhassem atrás, Deus estava dizendo que seria o fim de tudo aquilo, e que o coração deles deveria estar totalmente desprendido. Mas a mulher de Ló desobedeceu a ordem divina, “olhou para trás e converteu-se numa estátua de sal” (Gn 19:26).

A palavra hebraica traduzida para olhar significa “contemplar, mostrar consideração a, prestar atenção”. Não fala de alguém que olhou por curiosidade para ver o tamanho do estrago produzido pelo juízo divino. Fala de alguém que tinha seu coração preso ao que deixou, mostrando com isso consideração pelas coisas que havia abandonado. A mulher de Ló é uma figura do comportamento de muitos crentes de nossos dias, e por isso deve ser lembrada.

Há muita gente que não consegue se desprender das coisas das quais Deus os libertou. Aquilo que um dia te prendeu, potencialmente ainda é um perigo.Precisamos entender que o fascínio do mundo e os pecados que nos acorrentaram um dia, ainda são um perigo para nós depois da conversão. Se não quebrarmos os vínculos com o passado, podemos nos ver presos de novo. Assim como a mulher de Ló foi roubada de sua vida tornando-se uma estátua de sal, podemos também perder a vida de Deus em nós pelo fato de olhar para trás.

É por isso que a Bíblia nos chama, nos ordena sempre ao arrependimento. Sem um profundo arrependimento e dor pelo pecado, o crente pode ter saudades daquilo que deixou e olhar para trás. E na Igreja hoje, existem dois tipos distintos de desviados. Há aquele tipo de desviado que vira as costas para Jesus e a Igreja, e volta para o mundo. Em II Tm 4.10 o apóstolo Paulo diz: “...Demas me abandonou, tendo amado o mundo presente, e foi para Tessalônica.”

E há também aquele tipo de desviado que se desvia só em seu coração, embora continue fisicamente na Igreja, no caminho. Foi a estes que Estevão se referiu em sua mensagem, quando mencionou a geração de israelitas que saiu do Egito e rejeitou o ministério de Moisés: “É este Moisés quem esteve na congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com os nossos pais; o qual recebeu palavras vivas para no-las transmitir. A quem nossos pais não quiseram obedecer; antes, o repeliram e, no seu coração, voltaram para o Egito, dizendo a Arão: Faze-nos deuses que vão adiante de nós; porque, quanto a este Moisés, que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu. Naqueles dias, fizeram um bezerro e ofereceram sacrifício ao ídolo, alegrando-se com as obras das suas mãos” (At 7:38-41).

A frase: “no seu coração voltaram ao Egito” revela a atitude de olhar para trás e desejar aquilo que foi antes deixado. Eles não voltaram literalmente ao Egito, da mesma forma como muito crente não chega a abandonar a Igreja, mas no seu íntimo viviam lá, como muito crente faz, sem se desligar das práticas (ou fantasias) mundanas. Tem muito crente assim na Igreja. Gente que sente saudades da bebida, das drogas, do sexo ilícito, das festas e de toda sujeira mundana e do pecado do qual foram libertos por Jesus.

Eu acho isto muito, muito curioso. Não se lembram que antes eram escravos, que sofriam, que era um tempo difícil e de perseguição. Conseguem ter saudades apenas do que eles achavam que era bom. Esta atitude interior de saudade do que foi deixado, é olhar para trás como a mulher de Ló olhou. É voltar ao Egito, ainda que não seja de modo literal. No coração, estão voltando para lá. Na verdade, acredito que antes do desvio que envolve o abandono de tudo, a pessoa começa se desviando em seu coração.

Alguém disse que tirar o povo do Egito não é tão difícil como tirar o Egito de dentro do povo. Por isso a experiência de conversão não deve ser banal. A pessoa tem que saber valorizar aquilo que está abraçando e saber rejeitar para sempre o que está abandonando. O arrependimento genuíno produzirá este tipo de atitude em nós. Por isso, quando celebramos a Ceia do Senhor, ela traz para nós essa consciência espiritual.

O Senhor Jesus instituiu a Ceia da Aliança com o propósito de nos manter conscientes da sua morte e redenção por nós (I Co 11:24,25). O Senhor Jesus antes de subir ao Pai, instituiu – como recordação durante Sua ausência – uma ceia em Sua memória. I Co 11.26 diz: Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha. No “pão” e no “cálice” temos representado o Senhor crucificado. Esses dois símbolos nos lembram que Ele nos amou até à morte. Cada vez que comemos o pão e bebemos o vinho, anunciamos a morte do Senhor até que Ele venha.

A ceia do Senhor pertence a todos os crentes, não somente como membros da Igreja, mas também como resgatados ao preço do sangue e do corpo do Senhor. Somos chamados a celebrar a ceia do Senhor com amor e gratidão, em Sua memória, de uma forma digna dEle e de Sua morte. Uma participação digna do Senhor depende, sobretudo, da disposição de nosso coração e de nossa consciência. Cada um é responsável pela maneira como compartilha da ceia do Senhor. Diz o verso 29 de I Co 11: “O que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor”, pois “será culpado do corpo e do sangue do Senhor” (verso 27).

Por isso lemos: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice” (v. 28). Se não estamos em condições de participar, então devemos confessar e abandonar nossos pecados e não simplesmente deixar de tomar a ceia, como muitos fazem. Isto nos faz perceber que devemos alimentar a gratidão e o compromisso através da lembrança do que foi feito por nós. Esquecer-se do que éramos e do Cristo fez por nós é pura ingratidão.

Pedro se refere de forma negativa àqueles que se esqueceram da purificação de seus pecados de outrora: “mas aquele em quem não há estas coisas, é cego, vendo só o que está perto, porque se tem esquecido da purificação dos seus pecados antigos” (II Pe 1:9). Para olhar para trás é preciso deixar, é preciso se esquecer do que éramos e do preço que foi pago. Portanto, uma boa forma de nos guardar é manter o nosso coração consciente destes fatos em todo o tempo. Assim, não mais olharemos atrás e nos conservaremos firmes em nossa fé.

O Senhor Jesus, Ele deixou a glória e a companhia dos querubins para se fazer carne e habitar entre nós. Sendo Deus exaltado se humilhou até a morte de cruz. Sendo Deus transcendente se esvaziou. Sendo rei dos reis se fez servo. Sendo infinito tornou-se um bebê enfaixado na manjedoura. O que Ele veio fazer? Veio cumprir o plano do Pai, veio espontaneamente, veio por amor, veio buscar e salvar o perdido, veio para salvar o pecador, veio para desfazer as obras do diabo, veio para vencer o pecado, veio para triunfar sobre os principados e potestades.

O que Jesus veio fazer por mim e por você? Veio para levar cativo o cativeiro, veio para estabelecer o Reino de Deus, veio para conquistar o meu e o seu coração e para remir a minha e a sua vida. Jesus não veio para ser servido, mas para servir. Não veio para ser aplaudido, mas para ser desprezado. Não veio para ser colocado num trono, mas para ser pregado numa cruz. Nasceu não para viver, mas para morrer.

Tem uma música de Fernanda Brum chamada "Me Rendo a Ti", que sem dúvida alguma, seria isso que devemos fazer todos os dias: nos render ao Senhor! É assim:

Estavas desde o princípio

Eterno Tu és Senhor

Criaste do nada a Terra

Me rendo a Ti

Antes que eu pecasse

Pagaste o preço na cruz

Meus erros pesaram em Teus ombros

Me rendo a Ti

Que posso dizer? Que posso fazer?

Senão entregar-te ó Deus, o meu coração

Na Salvação caminho

Teu Espírito vive em mim

Declaro as Tuas promessas

Me rendo a Ti

Que posso dizer? Que posso fazer?

Senão entregar-te ó Deus, o meu coração

Estarei com mãos levantadas pra Te louvar

Pois Tu deste tudo a mim

Meu ser a Ti ó Senhor se rende

E o que sou é Teu

Foi Ele quem disse: ”Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á”. Acredito que em nosso coração devemos firmar um compromisso formal com Cristo de não deixá-lo jamais. Ele prometeu que estaria conosco todos os dias, e também prometeu não nos abandonar. “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei” (Hb 13:5). Se Deus prometeu não nos abandonar, porque nós não deveríamos fazer o mesmo?

(Mensagem ministrada no culto de domingo à noite, dia 20 de Novembro, pelo Pr. Conde)

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