quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

FALANDO DAS ÚLTIMAS COISAS

Precisamos hoje, mais do que nunca, de uma análise mais profunda da Palavra de Deus afim de orientar muitos daqueles que estão chegando na Igreja do Senhor, e inclusive os que já estão dentro dela, pois estamos na realidade última desta geração. Infelizmente, o que mais vemos nos púlpitos é a preocupação exarcebada em pregar um Cristianismo fácil, sem amor, sem comprometimento com a obra do Senhor.
Mais do que nunca, precisamos orientar a todos da excelência no cumprimento da obra do Senhor, porque os dias são maus.
Abordo abaixo, como admoestação a todos nós, da urgência das Cartas às Sete Igrejas da Ásia Menor. Boa leitura!

CARTAS ÀS SETE IGREJAS DA ÁSIA
As mensagens do Senhor Jesus às igrejas da Ásia encontram-se no Apocalipse e devem, portanto, ser consideradas a partir da essência e do propósito geral daquele livro. O apóstolo João o escreveu por volta do ano 95, quando os cristãos eram perseguidos pelo Império Romano. Era um tempo de tribulação e angústia, mas a palavra do Senhor foi enviada ao seu povo para consolar, exortar e edificar, mostrando aos filhos de Deus que o inimigo não prevaleceria, pois Cristo voltaria à terra para concluir o estabelecimento do seu reino.
As sete cartas têm estruturas semelhantes e alguns detalhes em comum, de modo que possamos ter uma visão geral das mesmas. Partindo de questões específicas das igrejas locais daquela época extraímos lições para a igreja universal em todos os tempos.
“Isto diz aquele que tem na sua mão direita as sete estrelas e anda no meio dos sete castiçais de ouro” (Ap.2.1)
As aflições daqueles dias podiam gerar muitos questionamentos na mente dos cristãos, principalmente dos mais fracos: será que o Senhor desamparou a sua igreja? Será que ele se esqueceu de nós ou não está vendo o nosso sofrimento? Contudo, o Senhor Jesus anda no meio dos sete castiçais de ouro, que são as sete igrejas, ou seja, ele não está ausente ou distante. Sua presença é uma realidade no meio do seu povo. As sete estrelas são os líderes das igrejas, que estão na mão direita de Cristo. Percebemos aí que eles gozam de toda a atenção e cuidado, além de estarem sob o controle e o senhorio do Mestre.
Os sete castiçais de ouro
O castiçal, símbolo da igreja, também chamado candelabro ou candeeiro, é um tipo de lamparina, com vários tubos cheios de azeite, em cujas extremidades ficam os pavios a serem acesos. A utilidade do castiçal é a iluminação. Assim acontece com a igreja. Ela não existe como enfeite, mas para ser luz do mundo. Entretanto, isto não acontecerá a não ser que ela esteja limpa e cheia do Espírito Santo. Só existe luz quando há fogo e sua presença indica que algo está sendo consumido, queimado. Podemos pressupor algum tipo de sofrimento, algum sacrifício nesse processo. O fato dos castiçais serem de ouro mostra o valor que as igrejas têm para o Senhor.
“Eu conheço as tuas obras, e o teu amor, e o teu serviço, e a tua fé e a tua paciência” (Ap.2.19).
Este é um ponto comum a todas as cartas. O Senhor afirma conhecer a vida da igreja (Ap.2.2, 9, 13, 19; 3.1, 8, 15). Nada escapa à percepção daquele cujos olhos são como chama de fogo (2.18). Ele contempla o exterior: obras, serviço, e também o interior: o amor, a fé e a paciência. Ele vê o que fazemos (obras), ouve o que falamos e sabe o que somos. Esses elementos estão em evidência nas cartas. O Senhor chama a atenção para a incoerência que muitas vezes existe entre os atos, as palavras e o ser. Observe o verbo "ser", nas formas "são" e "és" em: Ap.2.2,9; 3.9.
O fazer e o ser
As igrejas, em geral, faziam muitas obras, mas o amor e a fé nem sempre eram correspondentes. Encontramos as palavras “obra”, “serviço” e “trabalho” em Apocalipse 2.2, 3, 5, 6, 9, 13, 19, 22, 23, 26; 3.1, 2, 8, 15. Quase todos esses versículos se referem às boas obras, mas, em alguns casos, o Senhor está cobrando a essência, a motivação correta. Em Éfeso, por exemplo, o trabalho eram abundante, mas o primeiro amor tinha sido abandonado. Quando a obra está destituída da fé, as ações são regidas pela religiosidade, por mero costume ou obrigação.
O dizer e o ser
O texto toca algumas vezes na questão das palavras, principalmente naquilo que as pessoas diziam sobre si mesmas, quando, de fato, não eram. Era o caso daqueles que diziam ser apóstolos (2.2), dos que diziam ser judeus (2.9; 3.9), de Jezabel que se dizia profetiza (2.20) ou da igreja de Laodicéia que se dizia rica (3.17). O Senhor vem examinando, não a aparência ou as palavras, mas o interior, os rins e o coração (2.23). Com base nesse exame ele afirma que aquelas pessoas não eram aquilo que diziam.
Nomes e títulos
A palavra “nome” ocorre diversas vezes nas cartas: Ap.2.3, 13, 17; 3.1, 5, 8, 12. Percebemos que os títulos sempre foram muito valorizados, mesmo quando não correspondiam à verdade. Era o caso da igreja de Sardes que tinha nome de viva mas estava morta. O rótulo não correspondia ao conteúdo. Muitos queriam ser chamados de profetas (2.20) ou apóstolos (2.9) sem que o fossem. Alguns grupos também tinham seus nomes pomposos, como era o caso dos nicolaítas.
O Senhor vem mostrar a personalidade que se oculta atrás dos substantivos ou adjetivos, revelando que o mais importante é manter a fidelidade ao nome de Jesus e ter o próprio nome escrito no livro da vida, até que, na consumação dos séculos, cada servo de Deus receba um novo nome, e tenha sobre si escritos o nome de Deus, do Senhor Jesus e da nova Jerusalém.
Por ora, é importante observarmos se somos aquilo que o nosso título apresenta. As igrejas da atualidade têm sido muito criativas na definição de suas denominações. Resta saber se somos, de fato, tudo aquilo que nossa apresentação promete. O simples fato de nos chamarmos “cristãos” já é motivo suficiente para nos preocuparmos com o nosso modo de vida.
Infiltração na igreja
O Senhor denuncia a ação do inimigo dentro das igrejas através de pessoas com posição de liderança, simbolizadas por Balaão e Jezabel, e aparência religiosa, usando de profecias (2.20), doutrinas (2.14, 15) e sacrifícios (2.14,20) para enganar o povo. Por trás de propostas aparentemente positivas estão seus verdadeiros propósitos: a ganância financeira (Balaão - Jd.11), a idolatria e a corrupção sexual (Jezabel - Ap.2.20).
Erros e acertos
As cartas mostram um tipo de balanço da vida das igrejas. Depois de um exame profundo, o Senhor mostra o resultado de sua avaliação. Ele valoriza os acertos (2.2, 6, 9, 13, 19; 3.4, 8, 10) e repreende pelos erros (2.4, 14, 15, 20; 3.2, 15). Os acertos do passado são inutilizados pelos erros do presente (2.3-4). Entretanto, o Senhor declara seu amor pelas igrejas (3.19), em virtude do qual ainda está aberta a oportunidade para o arrependimento (2.5, 16, 21; 3.3, 19). Em Ap.3.9, Jesus diz à igreja de Filadélfia: “Eu te amo”. (Obs.: No Velho Testamento, Deus fez a mesma declaração à nação de Israel em Is.43.4).
Castigo e Galardão
O Senhor exorta cada igreja no sentido do arrependimento, da vigilância e da fidelidade. Tais cartas são avisos enfáticos, pois o juízo se aproxima. O verbo “vir” está em destaque, relacionado à segunda vinda de Cristo (2.5,16,25; 3.3,11). Sua vinda trará castigo (2.5,16,22,23; 3.3,16) e galardão. Ele vem buscar a sua igreja. Naquele dia, será feita a última avaliação dos que se dizem povo de Deus. Os falsos serão arrancados como o joio do meio do trigo. Os verdadeiros, os vencedores, receberão valiosas recompensas, conforme a promessa que encerra cada carta (2.7, 11, 17, 26; 3.5, 12, 21). O prêmio dos vencedores tem, quase sempre, uma ênfase espiritual, celestial e eterna. É a tônica do evangelho que, embora nos traga bênçãos terrenas, não está focalizado no imediatismo nem no materialismo.
Outro destaque fica por conta do verbo “ouvir” (2.7, 11, 17, 29; 3.3, 6, 13, 20, 22). Além de fazer, dizer e ser, precisamos ouvir a palavra do Senhor, pois ela indica o remédio para todos os males que afetam nossas vidas.
As cartas às sete igrejas da Ásia chegaram também a nós, não por acaso, mas pelo propósito eterno de Deus, o qual sabia que, em todos os tempos, ocorreriam heresias e pecados, mas haveria também um povo disposto a honrar o nome de Jesus.
“Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas

CARTA À IGREJA DE ÉFESO
Assim diz o Senhor Jesus: "Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência... Trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste... Tenho porém contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te de onde caíste e arrepende-te." (Apocalipse 2.2-5). Aqueles irmãos tiveram um início glorioso em sua experiência com Deus. A epístola de Paulo aos Efésios nos dá a entender que aquela igreja não era problemática, como a de Corinto por exemplo. Os efésios eram espirituais, entusiasmados e abençoados no princípio.
Contudo, o tempo passou e algo mudou. Aparentemente, tudo estava como antes: as obras continuavam a todo vapor. A igreja de Éfeso era muito ativa e trabalhadora. Entretanto, a essência estava comprometida. Havia muito trabalho e pouco amor; muita atividade humana e pouca unção do Espírito.
Veio então a palavra do Senhor com o objetivo de avivar a sua igreja. E o que é avivamento? É renovação. É reanimar. É dar vida. Avivamento não é sinônimo de barulho, música agitada, palmas e gritos. Tudo isso pode, eventualmente, ocorrer em nossos cultos, mas o avivamento legítimo é o resgate de valores espirituais outrora abandonados.
Seu fundamento está firmado em três fatores indispensáveis: estudo da Bíblia, oração e arrependimento. Esses elementos "movem a mão de Deus" a favor do seu povo. Esta afirmação é fiel e digna de crédito porque o Senhor está comprometido com a sua Palavra, prometeu ouvir nossas orações e não rejeita um coração contrito e arrependido (Salmo 51). Não podemos, porém, separar esses três pontos. Palavra sem oração pode resultar em intelectualismo e heresia. Oração sem arrependimento do pecado não produz nenhum efeito. E arrependimento, sem um confronto com a Palavra de Deus, é impossível, pois é a Bíblia que nos mostra nossas falhas, enquanto o Espírito Santo nos convence.
É bom lembrar o que diz em II Crônicas 7.14: "E se o meu povo que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra."
No contexto em que esse versículo foi escrito, sarar a terra significava fazer cessar as pragas na lavoura, enviar a chuva, que estava tão escassa, e fazer com que houvesse grande produção no campo e no rebanho. Assim, a vida do povo seria beneficiada em todos os aspectos.
Isto é avivamento. Deus tira as pragas e maldições e derrama a sua bênção. Tudo começa com estudo da Bíblia, oração e arrependimento, e culmina com bênçãos sem medida. Seus principais efeitos na igreja são: renovação do nosso entusiasmo pela obra de Deus, grande número de conversões, manifestações de dons espirituais, despertamento de novos ministérios, além de bênçãos pessoais diversas.
Tudo isso é resultado do mover do Espírito Santo, que muitas vezes fica bloqueado pelos nossos pecados e pela nossa negligência.
Louvamos ao Senhor porque estamos notando a operação do Espírito de Deus em nossos dias. O resultado está aí. A obra está acontecendo. Vidas estão se convertendo e a igreja está crescendo. Meu irmão, não fique fora das águas do Espírito. O Senhor está operando. Não pensemos, porém, que o que temos visto é tudo. De modo nenhum! Isto é apenas uma pequena amostra do que Deus quer fazer no nosso meio. Vamos buscar ao Senhor cada dia mais. Assim, veremos a glória de Deus se manifestanto.


CARTA À IGREJA DE ESMIRNA
“Isto diz o primeiro e o último, que foi morto e reviveu: Conheço as tuas obras e tribulação e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que dizem ser judeus, e não o são, porém são sinagoga de Satanás. Não temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. O que vencer, de modo algum sofrerá o dano da segunda morte” (Ap.2.8-11).
Esmirna significa mirra, que é a resina perfumada produzida pela árvore de mesmo nome ao ser ferida. A mirra é usada na produção de perfume. Foi também um componente do óleo da unção, na época de Moisés e um dos presentes levados pelos magos ao menino Jesus. A substância tornou-se símbolo de amargura e sofrimento.
O nome daquela cidade da Ásia Menor era bastante adequado à realidade da igreja que ali se encontrava: um povo sofredor que, em meio às aflições, exalava o bom perfume de Cristo.
“Conheço as tuas obras, tribulação e pobreza”.
Hoje, muitas pessoas têm um conceito fantasioso sobre o cristianismo, como se este garantisse um mar de rosas ou um paraíso na terra. Aquela igreja, como tantas outras, conhecia muito bem o trabalho árduo, a tribulação e a pobreza, embora fosse espiritualmente rica. A igreja de Laodicéia, ao contrário, era materialmente rica e espiritualmente miserável. A riqueza material não é, em si mesma, maligna, mas o erro está em colocá-la em evidência, tornando-a prioritária, como se o evangelho estivesse a ela vinculado. É o que acontece com a falsa doutrina da prosperidade. Certamente, alguns crentes atuais, se vivessem naquela época, pediriam sua transferência para a congregação de Laodicéia.
O Senhor mandou dizer aos cristãos de Esmirna: “Não temas o que hás de padecer”. Além de tudo o que aquela igreja tinha passado, ainda viriam mais tribulações. Contudo, em todas elas havia um propósito divino.
“O Diabo lançará alguns de vós na prisão”.
No meio da carta, existe menção a um personagem indesejável: Satanás. Gostaríamos que seu nome não estivesse ali, assim como não queremos considerar a possibilidade de sua interferência ou intromissão em nossas vidas. Alguns irmãos até imaginam que possam estar muito distantes da ação do inimigo. Entretanto, somos soldados, estamos numa guerra espiritual, e a proximidade do inimigo não nos deve parecer estranha. O Diabo lançaria alguns daqueles cristãos na prisão. Pode parecer incrível que ele possa fazer algo assim na vida do crente, mas, nesse caso, o fator determinante é a permissão divina em função dos seus propósitos soberanos. O texto não está se referindo à prisão espiritual, mas natural. Naquele tempo, o imperador romano estava perseguindo a igreja, prendendo os cristãos e matando muitos deles.
Esse quadro é bastante contrário à cosmovisão de alguns crentes hodiernos que, baseados num conceito distorcido de batalha espiritual, supõem que repreendendo Satanás possam resolver todos os problemas da vida. Existem casos em que a repreensão é apropriada, como nas possessões demoníacas, por exemplo. Precisamos, porém, estar conscientes de que algumas situações são determinadas por Deus e não poderão ser evitadas ou interrompidas. Lembremo-nos da história de Jó que, por permissão divina, foi afligido pelo inimigo.
“Para que sejais tentados.”
A expressão “para que” indica um propósito. Nada acontece por acaso na vida do cristão. Muitas coisas vêm como consequência dos nossos atos, outras ocorrem porque Deus tem um objetivo através delas. Nesse caso específico, o propósito seria a tentação. Deus permite uma situação adversa para que a tentação ocorra, pois ela é necessária na vida do crente. Afinal, se Cristo foi tentado, por quê nós não haveríamos de ser? Gostaríamos que todas as situações desagradáveis fossem evitadas, e até oramos por isso. Entretanto, muitas dessas orações não serão atendidas porque a tentação precisa vir.
Como a prisão poderia se tornar local de tentação? Aqueles cristãos presos seriam acometidos por pensamentos, reflexões e questionamentos a respeito da fé. Alguns deles perguntariam: “Por quê Deus permitiu isso? Eu sou filho dele, sou fiel, sou dizimista, sou servo do Senhor”. Não é o que acontece conosco? Quantos questionamentos vêm à nossa mente quando estamos debaixo da tribulação? Nesse momento, somos tentados a duvidar da presença de Deus e do seu amor para conosco. Nos piores momentos, somos tentados a negar a nossa fé e blasfemar contra Deus. Assim foi a tentação de Jó. A certa altura dos fatos, sua esposa lhe disse: “Amaldiçoa o teu Deus e morre.” Aquela foi a sugestão satânica nos lábios de uma mulher.
“Tereis uma tribulação de dez dias”.
Algumas situações têm prazo determinado. É uma realidade bíblica. Como exemplos, podemos citar os 7 anos de fome no Egito, os 400 anos de escravidão dos israelitas e os 70 anos de cativeiro babilônico. Deus determinou o tempo daquelas tribulações. O povo podia orar, jejuar e expulsar demônios, mas o problema permaneceria até que se cumprisse o prazo estipulado por Deus. Não podemos fazer uma regra nesse sentido, porque muitos males podem ser resolvidos imediatamente, conforme vemos em diversos episódios bíblicos. Entretanto, não podemos ignorar a possibilidade dos prazos determinados, porque esta será a explicacão para algumas orações não atendidas. Aquela igreja poderia orar, mas a tribulação duraria dez dias, nem mais nem menos. Devemos orar sempre, mas precisamos também pedir o discernimento ao Senhor para não tomarmos atitudes e conclusões precipitadas. A tribulação continuará até que tenha produzido os resultados para os quais ela foi permitida pelo Senhor. Assim como Jesus não podia descer da cruz antes de sua morte, também nós não poderemos interromper algumas situações que nos sobrevêm. A lagarta não pode sair do casulo enquanto não se completar sua metamorfose. Interferir no processo seria um desastre fatal.
O propósito da tribulação
Estamos diante de um aspecto que não pode ser plenamente compreendido ou explicado. Contudo, podemos propor algumas reflexões sobre os propósitos da tribulação. Paulo disse que a tribulação produz paciência, experiência e esperança (Rm.5.3-4). As situações difíceis que enfrentamos têm por objetivo nos ensinar muitas lições e desenvolver em nós virtudes e habilidades que, de outra forma, não teríamos. O atleta levanta pesos cada vez maiores afim de desenvolver seus músculos, sua força e sua resistência. Da mesma forma, os desafios da vida podem nos tornar experientes, capazes e maduros, mas esses resultados não são alcançados por quem vive fugindo ou interrompendo seus exercícios.
Sabemos também que a tribulação revela quem é o falso cristão e quem é o verdadeiro, assim como, na parábola de Jesus, a tempestade testou os alicerces das duas casas.
Na igreja de Esmirna havia uma mistura, conforme percebemos no texto. A tribulação seria a prova. Dali sairiam os vencedores e os derrotados. Os falsos blasfemariam contra Deus, mas os verdadeiros permaneceriam fiéis. O Senhor já sabe quem é trigo e quem é joio. Entretanto, a prova é necessária para o auto-conhecimento e para o testemunho diante do mundo. Ser fiel enquanto tudo vai bem não causa nenhum impacto nos ímpios. Todavia, se somos fiéis nas piores situações, então nosso testemunho se reveste de uma força impressionante. Tal testemunho também fará calar o próprio Satanás que, conforme lemos no livro de Jó, vive nos observando e aguardando para assistir nossa infidelidade e nosso fracasso.
Dez dias
Existe um aspecto positivo nesta medida temporal. O prazo nos mostra que a tribulação não é eterna. Tal afirmação beira o óbvio, mas, muitas vezes, nos sentimos e agimos como se o nosso problema nunca fosse acabar. Deus está no controle. Ele já determinou um ponto final para todo o nosso sofrimento.
Enquanto isso... espere.
Esperar é uma palavra cada vez mais abominável para o homem moderno, cuja vida está repleta de recursos tecnológicos que oferecem resultados imediatos. Porém, a bíblia nos ensina a ser como o homem do campo que, ainda na atualidade, depois de semear, precisa esperar a chuva, a produção da lavoura e o amadurecimento do grão.
Se Deus sempre nos atendesse imediatamente, resolvendo todos os nossos problemas, não precisaríamos de qualidades tais como a paciência, a perseverança e a longanimidade. Vemos, portanto, que, em muitas situações, precisaremos esperar. Aguarde o tempo certo, a melhor ocasião, sabendo que o Senhor tem a hora propícia para todos os propósitos. Por exemplo, existe o tempo adequado para estudar, casar, ter filhos, etc. A precipitação tem causado inversões indevidas, produzindo consequências graves na vida. Saber esperar é uma virtude, desde que não seja para sempre.
Esperar como?
Muitos estão esperando o livramento, o fim da tribulação, mas, enquanto isso, murmuram, reclamam, blasfemam, pecam. Esta não é a maneira correta de esperar. O Senhor disse: “Sê fiel até a morte”. Espere sendo fiel. Assim como Jó não blasfemou contra Deus, mas adorou, adoremos ao Senhor em todas as situações. Outro exemplo maravilhoso é o de José do Egito que, sendo escravo e prisioneiro, permaneceu fiel ao Senhor.
Palavras de esperança
A carta à igreja de Esmirna contém muitos elementos negativos: tribulação, prisão, tentação e morte. Porém, vemos também ali palavras do Senhor para confortar aqueles irmãos. Antes de tudo, é importante ressaltar que Jesus é o autor daquela carta, e ele diz: “Conheço as tuas obras, tribulação e pobreza”. Ele conhece; ele sabe de todas as coisas. Nada lhe passa despercebido. Em alguns momentos, podemos pensar que ele nos esqueceu, mas isto não é verdade. Ele nos contempla e conhece tudo o que passamos nesta vida. Em todas as cartas às igrejas da Ásia, encontramos este verbo: “conheço”. Jesus não apenas conhece, mas tem o controle da situação. Por isso ele diz: “Não temas” (2.10). Não permita que o medo domine seu coração, mas creia no Senhor.
“Dar-te-ei a coroa da vida”.
A caminhada do cristão pode ser árdua em muitos momentos, mas temos a promessa gloriosa da vida eterna. Se formos fiéis e aprovados, seremos coroados pelo Senhor. Qualquer interferência do inimigo terá sido incidente de menor importância no meio do caminho. Jesus é o primeiro e o último (2.8). Ele se apresenta como “aquele que foi morto e reviveu”. Este é o modelo para a igreja. Ainda que sejamos mortos por causa do evangelho, reviveremos para a vida eterna com o nosso Senhor Jesus Cristo. A carta à igreja de Esmirna não serve como incentivo a um “cristianismo” com enfoque terreno, imediatista e materialista, mas um cristianismo segundo Jesus Cristo, que nos leva a pensar nas coisas celestiais, em valores eternos, em vida eterna.
“Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas”.
Observe que esta frase fala “às igrejas” e não apenas à igreja de Esmirna. Portanto, aquela carta é também para nós. Devemos meditar nela e viver os princípios ali contidos, uma vida de vencedores para a glória do Senhor Jesus.

CARTA À IGREJA DE PÉRGAMO
“ Ao anjo da igreja que está em Pérgamo escreve: Isto diz aquele que tem a espada aguda de dois gumes: Sei onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; mas reténs o meu nome e não negaste a minha fé, mesmo nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita. Entretanto, algumas poucas coisas tenho contra ti; porque tens aí os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, introduzindo-os a comerem das coisas sacrificadas a ídolos e a se prostituírem. Assim tens também alguns que de igual modo seguem a doutrina dos nicolaítas. Arrepende-te, pois; ou se não, virei a ti em breve, e contra eles batalharei com a espada da minha boca. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor darei do maná escondido, e lhe darei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe ”. (Apocalipse 2.12-17).
A guerra implícita
Todas as cartas às sete igrejas da Ásia incluem uma promessa “ao vencedor” (2.7, 11, 17, 26; 3.5, 12, 21). Se é possível vencer ou ser derrotado, significa que existe uma guerra em andamento. Isto fica evidente na carta à igreja de Pérgamo pelo destaque que se dá à espada (2.12,16) e pelo uso do verbo “batalhar” (2.16).
Aquelas igrejas estavam em constante combate, não entre si, mas contra Satanás (2.9, 10, 13, 24; 3.9), que se fazia representar de várias formas e com diversas estratégias. Tal realidade não é diferente da nossa. Também somos igrejas do Senhor e estamos na frente de batalha.
Os soldados de cada lado
Assim como Deus usa homens para realizar muitos de seus propósitos, o inimigo também usa. Por quem ser usado é uma questão da escolha que cada pessoa faz. Pelo lado do bem, o texto nos apresenta o exemplo de Antipas, fiel testemunha do Senhor (2.13). Pelo lado mau, temos os nomes simbólicos de Balaão e Balaque (2.14), representando o poder religioso e político respectivamente. O versículo 15 contém a presença discreta de um tal Nicolau, outro líder religioso. O diabo sempre tenta utilizar todo tipo de influência para nos atacar ou perseguir. Se ele puder usar líderes religiosos ou governantes, ele o fará com proveito. Não podemos cometer o erro da generalização, condenando todos os religiosos ou políticos, mas sabemos que através de heresias, falsas doutrinas, leis injustas e decisões arbitrárias, o povo de Deus tem sido prejudicado e perseguido durante a história.
O campo de batalha
Aquela igreja estava no território do inimigo. Satanás habitava naquele lugar e ali estava o seu trono (2.13). Deus não mandou a igreja se mudar dali, pois ele precisava de fiéis testemunhas naquela cidade. Aquele local era desconfortável. A perseguição era intensa, mas a igreja não podia ir embora. Muitos servos de Deus, ainda hoje, estão em lugares difíceis, mas devem ser luz no meio das trevas.
Vitória sobre os ataques diretos (2.13)
O objetivo do maligno é destruir as nossas almas. Para isso, ele tenta nos fazer desviar do caminho do Senhor. Esta é a ênfase de Ap.2.13. A igreja foi tentada a negar a fé e renunciar ao nome de Jesus. Entretanto, foi vitoriosa, pois manteve sua posição. A guerra, porém, ainda não havia terminado.
Derrota diante das influências sutis (2.14-15).
Se Satanás não consegue nos tirar do caminho, ele colocará tropeços à nossa frente, conforme se vê no versículo 14. Se ele não consegue nos tirar a fé, tentará fazer acréscimos à nossa doutrina, inserindo seu veneno de forma sutil. Se você resolve não abandonar a igreja, ele tentará armar seus laços lá dentro mesmo. Se ele não nos vence pelo mundanismo, tentará nos conduzir a um tipo de religiosidade vazia, infrutífera e inútil. Mesmo não negando o nome de Jesus, ainda corremos o risco de sermos apenas cristãos nominais.
A experiência de Israel (Num.22 a 25) é lembrada no versículo 14 como alerta para a igreja de Pérgamo. Os moabitas, súditos de Balaque, não tinham poder militar para enfrentar os israelitas. Balaão, por sua vez, não podia amaldiçoar o povo de Deus. Então, usaram outra estratégia: uma aparência de amizade. Ofereceram comida, carinho e afeto aos filhos de Israel. Assim, eles comeram alimentos sacrificados aos ídolos e se prostituíram. Tal estratagema teve alto nível de eficácia, pois levou ao pecado e à morte milhares de pessoas do povo de Deus.
A participação dos israelitas em cerimônias idólatras pode ser comparada ao ecumenismo tão difundido atualmente. Devemos amar e respeitar todas as pessoas, mas misturar o culto a Deus com a idolatria não é aceitável. Observamos que, passados tantos séculos entre a experiência de Israel e o Apocalipse, a estratégia do inimigo continua a mesma. Eis uma das razões pelas quais o Antigo Testamento continua útil.
Aqueles cristãos de Pérgamo tinham apresentado grande resistência aos ataques diretos (2.13), mas alguns sucumbiram diante das influências sutis (2.14-15). Continuaram dentro da igreja, mas seguiam uma doutrina estranha. Foram vitoriosos em um momento (2.13) e derrotados em outro (2.14-15), quando permitiram que “poucas coisas” (2.14) fossem semeadas pelo inimigo. Não é preciso muito fermento para levedar a massa.
Muitos cristãos hoje não negam sua fé (2.13), mas caem na prostituição, no adultério ou em outras relações ilícitas (2.14). Estão sendo vencidos pelo Diabo do mesmo jeito.
Nova oportunidade
Apesar das derrotas sofridas, ainda havia esperança para aquele povo. O Senhor disse à igreja: “Arrepende-te” (2.16). Queres vencer Satanás? Arrepende-te do pecado. O arrependimento é acompanhado pelo perdão. Esta é a única forma de reverter a situação. Outras batalhas virão e precisam ser vencidas. Pior do que cair é desistir de caminhar. Se caíste, levanta-te e prossegue no caminho do Senhor. Só o arrependimento, a mudança de atitude, o abandono do pecado, nos coloca de volta à posição de vitória.
A recompensa final
Em Ap.2.17 vemos o fim triunfal para os vencedores. Aqueles que renunciaram à comida dos ídolos (2.14), comerão do maná escondido (2.17). O maná é a provisão divina para as necessidades humanas. É o alimento celestial que traz sustento e satisfação para as nossas almas, algo que o mundo não pode oferecer. Esse texto fala de experiências pessoais e intransferíveis. Embora a batalha seja da igreja, a recompensa é individual. Por isso está no singular: “Ao vencedor...”. O último versículo da carta se refere a experiências sobrenaturais com Deus, reservadas para aqueles que resistiram às ofertas do maligno ou se arrependeram de tê-las recebido. Existe um tom de mistério no texto. O maná está “escondido” e o novo nome só será conhecido por aquele que o receber. Temos aí o aspecto de segredo que sempre envolve o galardão reservado para os justos.
“ As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para aqueles que o amam ” (ICo.2.9).


CARTA À IGREJA DE TIATIRA
Dirigindo-se aos irmãos de Tiatira, o Senhor Jesus se apresenta como aquele que tem os olhos semelhantes à chama de fogo (2.18), que brilha, ilumina, aquece, queima e consome. Ele vê a igreja, sondando-lhe profundamente “os rins e o coração” (2.23).
Apresentação do destinatário
Aquela congregação tinha muito crédito diante de Deus. Foi elogiada por seu trabalho, paciência, fé e amor (2.19). Suas qualidades eram exteriores e interiores. Suas obras eram cada vez mais numerosas. Lendo apenas o versículo 19, poderíamos considerá-la uma igreja completa, exemplar. Entretanto, sua falha estava no excesso de tolerância. Em sua disposição de amar, talvez tenha se confundido um pouco, chegando a aceitar o inaceitável. “Tenho contra ti que toleras Jezabel...” (2.20).
Amar não significa tudo aceitar. Ainda hoje, o amor tem sido usado como escudo para esconder o mal e permitir o pecado. Quantos casais caem no erro em nome do amor? Quantos falsos profetas e falsos mestres são tolerados em nome do amor?
A falsa profetiza
O nome Jezabel, com intenção aparentemente simbólica, nos lembra a rainha de Israel, mulher do rei Acabe (IRs.16.31), que ficou marcada na história como cruel, manipuladora, sedutora e idólatra (IRs.19.1-2). Para se insinuar, usava enfeites na cabeça e pintura em torno dos olhos (IIRs.9.30). Tentando enganar o povo de Deus, apelava para atos religiosos, como o jejum (IRs.21.9).
A Jezabel do Apocalipse carrega esse caráter, acrescentando ainda as profecias e o ensino. Tal referência parece indicar alguém na igreja de Tiatira que profetizava, ensinava, tinha aparência agradável e propósitos malignos. É uma pessoa em posição de liderança, parece ter dons espirituais, exerce o ministério do ensino (2.20), mas vive no pecado da idolatria (2.20), da prostituição (2.20) e do adultério (2.22).
Precisamos ficar atentos para esse tipo de pessoa dentro das igrejas. Não podemos nos iludir com aparência ou eloqüência, nem ficar impressionados com profecias, mas devemos observar seu modo de vida, pois seu exemplo pode influenciar muitos servos de Deus (2.20), levando-os ao pecado.
Aquela mulher parecia ser usada pelo Espírito Santo, com dons, profecias, capacidade para ensinar. Entretanto, havia outro espírito agindo nela. Tinha aparência de espiritualidade, mas vivia na carnalidade. Suas palavras podiam ser agradáveis, mas suas obras eram malignas (2.20-22).
Deus fala através de profecias, mas nem toda profecia vem de Deus. As mensagens proféticas devem ser julgadas à luz da bíblia (ICo.14.29). Precisamos rejeitar toda palavra que não esteja de acordo com as Sagradas Escrituras, principalmente aquela que nos induz ao pecado. É provável que essa “Jezabel” tenha profetizado na igreja, defendendo veladamente os alimentos sacrificados aos ídolos e a prostituição, mas o Senhor, zeloso por seus servos, levantou João, o verdadeiro profeta, para desmascarar aquele engano.
Conseqüências do pecado
Durante algum tempo, a falsa profetiza esteve confortável na igreja de Tiatira, até que veio sobre ela o juízo de Deus e a conseqüência do seu pecado. O texto diz que ela seria “colocada sobre uma cama” (2.22). A Nova Versão Internacional diz que ela ficaria doente. Na seqüência vem “grande tribulação” (2.22) sobre seus amantes. A idolatria, a prostituição e o adultério não ficarão impunes, a não ser que haja arrependimento. Como não houve (2.22), o castigo se agravou no versículo seguinte, trazendo morte sobre os filhos de Jezabel. O pecado dos pais traz danos terríveis para os filhos, mormente sobre os que nascem das relações sexuais ilícitas.
O tempo da misericórdia
O Senhor disse: “dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua prostituição, e não se arrependeu” (2.21). Tempo é oportunidade. Em todas as cartas temos a marca do amor de Cristo pela igreja e até pelos falsos. Até Jezabel teve sua oportunidade de arrependimento. Porém, não quis aproveitá-la. Enquanto o juízo não vem, pode-se pensar que Deus seja tolerante com o pecado, mas não é isso. Trata-se do tempo da misericórdia que antecede o julgamento e a sentença.
Purificação da igreja
Poderíamos perguntar: por quê Deus permite a presença de pessoas assim na igreja? Entretanto, o Senhor está perguntando por quê nós permitimos. Ele disse ao anjo, ao líder da igreja: “Tenho contra ti que toleras Jezabel...”. Era responsabilidade do líder extirpar aquele mal do meio da congregação. Cabe ao líder zelar pela saúde doutrinária de sua comunidade eclesiástica e não confundir amor com omissão. Os crentes fracos devem ser ajudados, mas os que ensinam falsas doutrinas devem ser afastados do grupo. Não se pode tolerar a presença do lobo dentro do aprisco.
Perseverança dos salvos
Daqueles que não se contaminaram com os referidos pecados, o Senhor esperava perseverança (2.24-25). De nada adianta ser um cristão temporário, que se desvia diante da primeira tribulação. Precisamos ser perseverantes até a vinda do Senhor. O advérbio “até” nos dá idéia de continuidade, insistência, e fidelidade, a despeito das circunstâncias. Os que assim viverem, praticando a vontade do Pai, serão por ele recompensados. O vencedor terá autoridade sobre as nações (2.26). O texto parece se referir ao reino milenar (Ap.20), quando, juntamente com Cristo, a igreja reinará sobre a terra.

CARTA À IGREJA DE SARDES
As mensagens das cartas às sete igrejas da Ásia são aplicáveis sob o ponto de vista eclesiástico, ministerial ou pessoal. Eclesiástico por serem destinadas às igrejas, abordando suas características, seus erros e acertos; O aspecto ministerial está no fato de que cada carta é dirigida diretamente ao anjo da igreja, normalmente interpretado como sendo seu líder. Os problemas e desafios da congregação estão relacionados à maneira como seus líderes exercem suas funções. Líder e comunidade se confundem no conteúdo das cartas. A aplicação é também individual porque todo problema eclesiástico nasce de situações pessoais.
A mensagem aos irmãos de Sardes começa com o confronto entre dois pontos de vista: o humano e o divino. Aos olhos do homem, a igreja era viva, ativa e eficiente. Aos olhos de Deus, era morta (3.1). Vida e morte são os temas centrais da carta (3.1,2,5). Está em questão o que parecemos diante dos homens e o que realmente somos diante de Deus e diante dos anjos (3.2,5). A bíblia na Nova Versão Internacional nos diz que aquela igreja tinha “fama de estar viva”. De que adianta sermos famosos neste mundo e desqualificados no céu?
Aquela igreja agradava aos homens, mas entristecia o coração de Deus. A aparência estava ótima, mas a essência era a morte. O exterior funcionava bem, mas as questões interiores estavam mal resolvidas. A superfície estava em ordem, mas o Senhor sonda em profundidade.
Como avaliamos nossas igrejas, nossos ministérios e nossas vidas? E como Deus avalia? Podemos estabelecer alvos materiais relacionados à construção de templos, à realização de eventos sociais, ao patrimônio, à conta corrente, etc. Talvez estejamos bastante satisfeitos pelos objetivos já alcançados nesses assuntos. Nada disso é ruim, e pode até ser ótimo. Entretanto, tais propósitos não constituem a razão de existir da igreja do Senhor Jesus.
Olhando para a organização eclesiástica, talvez vejamos tudo funcionando muito bem: secretaria, tesouraria, departamento infantil, união de jovens, corpo diaconal e outros setores. A liturgia é seguida com rigor. Tudo acontece dentro do horário e nos padrões determinados. Mas, será que isto é vida espiritual? Talvez o defunto esteja muito bem vestido, mas lhe falte o principal: fôlego de vida.
Como podemos perceber a vida de uma igreja? Verificando se ela está cumprindo sua missão e apresentando resultados pelo poder do Espírito Santo. O evangelho está sendo pregado? Vidas estão sendo salvas? Como estão as reuniões de oração? E os jejuns? Estes são alguns termômetros para verificação da vida espiritual.
O crescimento da igreja pode ser um bom sinal, desde que não seja o único. Vejamos outros sinais: Os salvos estão se santificando? Enfermos têm sido curados? Endemoninhados têm sido libertos? Se nada disso está acontecendo, algo está errado, muito errado. Se o sobrenatural não acontece na igreja, pode ser que ela tenha perdido a conexão com o céu.
A igreja universal do Senhor Jesus Cristo nunca morrerá, mas uma igreja local pode morrer.
Como acontece a morte de uma igreja? Primeiro, descuida-se da sã doutrina (IITm.4.3); Em seguida, a igreja adoece pela prática do pecado. Depois, morre, “porque o salário do pecado é a morte.” (Rm.6.23a). O que resta então? Um clube, uma mera associação, com nome de igreja.
A igreja de Sardes estava contaminada pelo pecado, à exceção de algumas pessoas, conforme se lê em Ap.3.4.
Pode-se argumentar que em qualquer congregação ocorrerá, eventualmente, a prática pecaminosa em alguma escala. Pode ser, mas alguns pecados atingem a coletividade, contaminando-a e podendo levá-la à morte. Por exemplo, os pecados do líder, principalmente aqueles que produzem escândalo ou servem de exemplo para o povo; ou o pecado da congregação contra o líder, tal como a rebelião; ou ainda a heresia que se dissemina contaminando a fé e o culto.
O que fazer? O melhor tratamento é a prevenção. Cuide da saúde doutrinária de sua igreja. Nossos corpos necessitam de boa e constante alimentação para que se mantenham saudáveis e ativos. Assim também, a igreja precisa se alimentar com a palavra de Deus (Mt.4.4), de modo constante e intenso.
Precisamos tomar cuidado com muitas coisas que podem nos afastar da pregação e do estudo bíblico. Muitas atividades da igreja são boas, mas não podemos permitir que o estudo bíblico seja desprezado, deixando de ser ministrado ou freqüentado. Aquele cristão que participa de todas as reuniões de louvor e adoração, mas negligencia o estudo da Palavra está fadado à subnutrição espiritual. Na hora da tentação, da provação, ele não resistirá.
Apesar da péssima condição da igreja de Sardes, ainda havia esperança enquanto Cristo não voltasse – 3.3. A carta foi um ultimato. Tal é a situação de muitas igrejas atualmente.
Em que consistia a esperança daquele povo? O Senhor lhe exortou, dizendo: “Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora virei a ti.” (Ap.3.3).
Se igreja tinha “recebido” algo, é porque o Senhor muito lhe havia dado. Se ela podia “ouvir” é porque a palavra de Deus lhe fora falada. Agora cabia àqueles irmãos: lembrar, guardar, arrepender e vigiar.
O Senhor já fez muito por nós, mas muitas vezes deixamos de lado o que seria da nossa responsabilidade.
O que fazer agora? É necessário um retorno urgente à bíblia. Ela é o remédio que pode ressuscitar os mortos e curar os que se aproximam da cova. É da maior urgência a necessidade de retomarmos a leitura e o estudo profundo das Escrituras, pois elas produzirão a consciência do pecado e o arrependimento.
De acordo com a Pequena Enciclopédia Bíblica, de Orlando Boyer, a igreja de Sardes se desviou e foi destruída. Infelizmente, aquela história não teve um final feliz. Entretanto, podemos agir de modo diferente, pois o Senhor tem enviado a sua palavra para nos despertar.
Clamemos ao Senhor por misericórdia para que ele nos desperte e nos vivifique pelo seu Espírito Santo.
Não permitamos que a morte reine em nosso meio, porque o desejo de Jesus é que tenhamos “vida e vida em abundância” (João 10.10).

CARTA À IGREJA DE FILADÉLFIA
O livro de Apocalipse começa com a visão do Cristo glorificado. Em seguida, vêm as sete cartas e, em cada uma delas, é mencionada uma característica do Senhor Jesus, conforme o que João estava vendo: seus pés, sua boca, seus olhos, etc. O detalhe enfatizado tem, geralmente, uma relação com o teor da mensagem àquela congregação específica. Cada característica do Mestre vem suprir a necessidade de cada situação.
No caso da igreja de Filadélfia (Ap.3.7-13), vemos nova referência à chave, símbolo de autoridade, já citada em 1.18. Estamos habituados ao conceito de autoridade relativa, de acordo com posições hierárquicas. Ali, porém, notamos o aspecto da soberania de Cristo, pois ninguém pode fechar o que ele abriu ou abrir o que ele fechou (3.7). O nome do rei Davi é citado no texto por ser um tipo do governo messiânico.
Toda esta supremacia do Senhor contrasta com a pequena força da igreja (3.8). Se olharmos para nós mesmos, talvez fiquemos desanimados diante da nossa limitação. Entretanto, é o Senhor que vai adiante de nós. Com nossas próprias forças e recursos não poderíamos abrir nenhuma porta, mas Deus abre as portas diante da igreja (3.8), pois ele tem as chaves (3.7). A autoridade divina supera toda força humana ou a sua falta. Sejamos, portanto, confiantes. A igreja vive sob ameaças, riscos e desafios, mas não precisa temer. O Senhor é a sua garantia. Ele é o verdadeiro (3.7) que vencerá os mentirosos (3.9). Não precisamos ser muito fortes, mas muito crentes. Assim venceremos.
Em situações de dificuldade, necessidade e aperto, precisamos de uma porta. Talvez até consigamos vê-la, mas ela se encontra fechada. Nesse caso, oremos àquele que tem as chaves em suas mãos. Ele pode mudar situações e nos mostrar um caminho. Precisamos, porém, estar conscientes de que algumas portas não serão abertas porque foi o próprio Deus quem fechou. Talvez estejamos diante delas batendo, insistindo, empurrando e chorando para que se abram. Entretanto, Deus sabe o que está lá dentro e, se ele não abrir, estejamos certos de que o Senhor quer apenas o que for melhor para nós de acordo com os seus desígnios.
Apesar de toda a ação divina a favor da igreja de Filadélfia, ainda lhe restavam algumas responsabilidades. O Senhor colocou diante daqueles irmãos uma porta aberta. Entretanto, entrar por ela ou não seria uma decisão deles. Queremos que Deus faça tudo sozinho? Ele não fará aquilo que é da nossa competência.
Porta representa oportunidade, uma entrada, uma saída, um meio de acesso. Não sabemos qual era exatamente a porta que o Senhor abriu para aquele povo. Contudo, precisamos identificar as que ele tem aberto para nós. Não podemos ficar parados diante elas, esperando que ele nos carregue para dentro. Devemos levantar e andar. Precisamos tomar algumas decisões e iniciativas para não deperdiçarmos as bênçãos que o Senhor nos oferece. Não podemos fechar a porta que ele abriu, mas podemos negligenciá-la, sendo omissos, irresponsáveis ou preguiçosos. É o caso daquele que tem escola, mas não estuda; tem emprego mas não trabalha; tem ministério mas não exerce. De fato, cada dia de vida representa uma nova oportunidade que Deus nos dá, uma porta aberta para muitas realizações.
O texto mostra ações de Deus e ações da igreja. O Senhor dá o que a igreja precisa, mas é nossa responsabilidade guardar o que recebemos (Observe o verbo “guardar” em 3.8,10,11). Guardamos aquilo que valorizamos. Temos a tendência de guardar costumes e tradições, mas precisamos verificar se estes são os verdadeiros valores do evangelho. O que a igreja de Filadélfia precisava guardar? Temos pelo menos dois tópicos fundamentais: o nome de Jesus (3.8) e a palavra de Deus (3.8,10). Este é o segredo de resistência do cristão contra o Inimigo. Se colocarmos o nosso nome, a nossa denominação, acima do nome de Jesus, corremos o risco de cair. Se negligenciarmos a palavra de Deus, cairemos de igual modo. Guardando a palavra, a igreja também seria guardada na hora da tentação.
A carta à igreja de Filadélfia não traz nenhuma palavra de repreensão, mas de advertência. A igreja estava bem aos olhos de Deus. Porém, precisava manter sua posição de fidelidade e vigilância. Apesar de sua pequena força, seria vitoriosa sobre os emissários do inimigo (3.9), identificados como “sinagoga de Satanás”.
Filadélfia significa “amor fraternal” e na carta a ela destinada o Senhor Jesus faz uma declaração: “Eu te amo” (3.9). O amor do Senhor por nós nunca deve ser esquecido ou colocado em dúvida por causa das tribulações.
Naquele momento histórico, Jerusalém e o templo já tinham sido destruídos. Lembrando disso, vemos com mais propriedade a promessa de bênção no fim da carta, onde são citados um novo templo e uma nova cidade:
“Ao que vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu do meu Deus, e também o meu novo nome. Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Ap.3.12-13).

CARTA À IGREJA DE LAODICÉIA
“Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; oxalá foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca. Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Ao que vencer, eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci e me assentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. (Apocalipse 3.14-22).
Laodicéia era uma cidade rica da Ásia Menor. Localizada junto à principal estrada da província, sua posição era estratégica para o comércio. A igreja local gozava de boa situação financeira, o que acabou se tornando motivo de orgulho e de uma injustificável satisfação, como se a prosperidade material fosse mais importante que a condição espiritual.
Certamente, aquela congregação tinha algum poder econômico, mas era fraca na fé. Quando se estabelecia algum propósito de ordem financeira, havia recurso abundante para sua realização. Apesar de tudo isso, Deus não estava satisfeito com a igreja. Os valores materiais tomaram o lugar dos espirituais.
Quem coloca o dinheiro em primeiro plano, acaba buscando a Deus apenas pelo dinheiro ou tenta fazer negócios com Deus através de dízimos e ofertas. Por outro lado, se o dinheiro é abundante, corre-se o risco de imaginar que ele seja a principal solução para os problemas da vida. Assim, a oração, o jejum e a busca ao Senhor podem acabar em último lugar ou até ficar sem lugar.
É possível que estas questões estejam diretamente ligadas à mornidão daquela igreja. Morno é aquele que está no meio do caminho, indeciso, vacilante, indefinido. É a condição de quem não desiste do evangelho nem está disposto a investir sua vida na causa de Cristo. É o caso daquele que acredita no Espírito Santo, mas não o deixa agir; não abandona Jesus nem se dedica a servi-lo.
Contudo, a igreja estava contente consigo mesma. Aqueles irmãos tinham uma auto-imagem bastante positiva. Diziam: “somos ricos e de nada temos falta” (Ap.3.17). Sua auto-avaliação era fundamentada em conceitos terrenos e mundanos.
Veio, porém, a palavra do Senhor, trazendo o conceito divino sobre a realidade espiritual dos laodicenses. Eles eram espiritualmente miseráveis, pobres e nús, mas não sabiam disso porque estavam cegos. A condição material daquela igreja disfarçava sua lástima espiritual. Da mesma forma, nos nossos dias, muitas pessoas vivem iludidas pelo materialismo e deixam de buscar a realização da alma e do espírito. Outros, até mesmo convertidos, esperam que o evangelho lhes garanta riqueza neste mundo. Não lhes interessa a volta de Cristo ou o reino celestial.
Precisamos retornar à palavra de Deus, a bíblia, pois só ela pode curar nossa cegueira ou corrigir a visão distorcida que temos sobre nós mesmos. Assim, saberemos o que nos falta: valores espirituais que só podem ser conseguidos do próprio Deus e não por dinheiro.
A teologia de algumas igrejas encontra-se contaminada pelo capitalismo. Arrecadação, lucro, riqueza e luxo têm se tornado objetivos primordiais para muitos cristãos. O normal seria que todo servo do Senhor estivesse em busca de um caráter irrepreensível, formado por virtudes espirituais. Ser rico ou pobre, materialmente, é questão de importância secundária.
“Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm.14.17). “O fruto do Espírito é amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e domínio próprio”. (Gálatas 5.22).
Bens materiais são necessários para a vida terrena. Contudo, não podemos colocá-los em primeiro lugar. Nossa relação com Deus não deve ser construída sobre aspirações materialistas.
O Senhor exibiu um trágico retrato da igreja de Laodicéia, mas ofereceu também a solução: “Aconselho-te que, de mim, compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas.” (Ap.3.18).
A igreja precisava se aproximar de Deus em busca de valores espirituais, sendo o principal deles a pureza das vestes, ou seja, uma vida de santificação.
Na carta à igreja de Laodicéia não existe nenhuma palavra de elogio. Contudo, temos uma declaração do amor de Deus por aquele povo decadente (3.19). Deus declarou seu amor tanto pelos irmãos de Filadélfia quanto pelos de Laodicéia (3.9). Isto vem apenas confirmar que somos amados, não por nosso merecimento, mas pela vontade soberana de Deus na manifestação de sua própria natureza. Todavia, o texto traz uma advertência velada: Embora o amor de Deus seja um fato (3.19), isto não impedirá que ele vomite os mornos (3.16). Não devemos nos iludir, pois, tão real quanto o seu amor é a sua justiça.
Deus aconselha (3.18), repreende e castiga (3.19). Contudo, ele não obriga seus filhos a mudarem. Isso fica bem ilustrado no versículo 20. O Senhor está à porta e bate. Ele não arromba, não força. Ele espera que atendamos à sua voz e abramos a porta. Na carta à igreja de Filadélfia, Deus abriu uma porta (Ap.3.8). No caso de Laodicéia, é a igreja que deve abrir a porta para Deus (Ap.3.20). Quantas portas o Senhor abriu para nós? Quantas bênçãos ele nos deu? Em outros momentos, ele espera que nós lhe abramos a porta, dando ouvidos à sua voz, assumindo uma postura de aceitação, compromisso e intimidade com ele, permitindo que ele entre e domine todas as áreas da nossa vida.
Quem abrir a porta, recebendo o senhorio de Jesus, será também por ele recebido na glória celestial, conforme se lê no versículo 21: “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci e me assentei com meu Pai no seu trono”.
“Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap.3.22).

2 comentários:

Nilson Coelho disse...

Muiuto oportuno e maravilhoso comentário sobre as 7 cartas às Igrejas da Ásia. Paabéns. Que Deus te abençoe.

Marcello de Oliveira disse...

Shalom Uv'rachot!

1. Amado Pr Conde, parabéns por este excelente blog, e pelo consistente artigo sobre o Apocalipse. Que o El Deót [ Deus de toda sabedoria] continue a lhe capacitar, e dar-lhe entendimento em sua bendita Palavra.

2. Medite em Sl 110.7

abraços, Pr Marcello

P.s> veja a estréia do meu singelo blog:

http://davarelohim.blogspot.com/ - com a atenção para os textos: "Shekiná" / O que está acontecendo com a igreja?

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