quarta-feira, 2 de janeiro de 2013



MUROS, VALES E PONTES
Ef 4.1-16
Dentro de qualquer organização encontramos várias frentes de trabalho. Elas recebem nomes diferentes (departamentos, comissões, ministérios, etc...) mas na realidade representam segmentos onde acontecem várias ações que tem como objetivo desenvolver algum tipo de trabalho.
Em cada um desses segmentos verifica-se uma dinâmica diferente. Há uma equipe, um líder, uma temática, um objetivo, enfim, aquele é um universo próprio dentro da organização. Grandes organizações têm vários desses universos. Pequenas organizações têm alguns deles. Raramente haverá alguma que tenha apenas um universo ou frente de trabalho.
Entre uma e outra frente de trabalho podemos ter muros, pontes ou vales. Há frentes de trabalho que estão cercadas por grandes MUROS. Ali dentro há um universo desconhecido por quem está do lado de fora. O trabalho que é feito ali dentro tem como único objetivo manter e expandir aquela frente de trabalho.
Por causa dos muros os que estão dentro não conseguem enxergar os de fora e também não interagem com eles. Com o tempo eles chegam até a se esquecer de que há vida depois do muro. Todos os esforços, energia e atenção se concentram em manter aquela frente de trabalho.
O único relacionamento que tem com outras é a competição ou a exposição. Na competição tentam mostrar que são o melhor universo dentro da organização e na exposição sempre querem uma chance de apresentar o seu trabalho e serem aplaudidos por ele.
Outras frentes de trabalho estão cercadas por VALES. Elas podem ser vistas mas infelizmente não podem ser alcançadas. Os que estão ao redor vêem o que acontece, se alegram ou se entristecem com a dinâmica ali exercida, mas não podem interagir.
Os que fazem parte desse universo sabem o que está acontecendo ao seu redor mas  não se importam pois estão muito preocupados com suas próprias ações. Todos os esforços, energia e atenção se concentram em manter sua frente de trabalho e há uma constante preocupação: como não há muros, é preciso manter a aparência!
Essas frentes se relacionam com as demais mostrando-se sempre saudáveis, admiráveis e perfeitas. Elas literalmente vivem de fachada. Como ninguém consegue penetrar em sua realidade mas apenas contemplá-la de longe a verdade nunca é realmente vista.
Outras frentes de trabalho estão cercadas por PONTES. Pode-se chegar a elas e pode-se sair delas. Seu universo pode ser visto, explorado e até modificado, afinal, há livre trânsito entre pessoas que entram e saem. Em geral essas frentes tem um objetivo muito claro: trabalhar em conjunto com os demais universos dentro da organização.
Os esforços, energia e atenção se concentram no todo e não apenas em si mesmos. Por causa das pontes eles sempre sabem o que está acontecendo no universo ao lado e estão dispostos a trocar experiências, trabalho e atenção. Suas pontes fortalecem os outros  e também recebem fortalecimento.
Como as pessoas têm acesso a esse universo suas falhas são vistas mais rapidamente. Porém seu interesse não é o de mostrarem-se perfeitos mas sim trabalhar em conjunto. Precisamos nos unir para conquistar, precisamos ter uma só visão para que não pereçamos, precisamos ser um para cumprirmos o chamado.
Os muros nos cercam, afastam, restringem a entrada e isolam. O mundo atual sofre com a insegurança e, neste contexto, aprendemos a desconfiar de tudo e de todos. Cada um por si, vivendo o seu mundo, o seu muro.  Muros nos escravizam e limitam nossas visões.
Quantas pessoas existem que são escravas do tempo, que precisariam de um dia com 48 horas e um mês com 60 dias. Para estas, o muro é o tempo. Mas os muros se apresentam também de outras formas: preconceito, arrogância, língua desenfreada, auto-suficiência, todos estes, tijolos do nosso grande muro.
Não quero dizer também que sejamos invasores da propriedade alheia, nem que tiremos a privacidade das pessoas, mas que pensemos nas altura de nossos muros pessoais. Será que não estão muito altos? Sei também que temos limites e não podemos nos abrir para todos e todas as situações, mas isso não é argumento para manter-nos atrás das muralhas.
MUROS e VALES caracterizam a falta da visão em conjunto. A falta do trabalho em comum. O excesso de egoísmo e vaidade organizacional.
PONTES caracterizam o trabalho em equipe e a visão de ministério. Pessoas que são pontes, são pessoas que intermediam, que aproximam, que unem extremidades, que facilitam a travessia, que ajudam os outros a ganharem tempo e que suportam tempestades. Pessoas que nos auxiliam e nos permitem conhecer outras realidades.
Ser ponte é uma característica de líderes tão escassos em nossa sociedade. Pontes são construídas para unir e os muros para afastar. Pessoas que podemos chamar de pontes são congruentes por conseguirem atrair outras para um mesmo objetivo. Uma ponte só tem razão de ser quando é utilizada. Já os muros têm a razão de ser em si mesmos, estão ali justamente para não serem usados.
Quem passa por cima de um muro pode ser considerado ladrão ou infrator. Por outro lado, pontes surgem quando o acesso é difícil, quando não existe outra maneira de continuar seguindo em frente.
Para ser ponte não é necessário perder a privacidade, aparecer demais, nem tampouco ser o melhor. Basta estar disposto a servir. Quem é ponte corre o risco de ser esquecido, de sofrer injustiças, mas pode ter a felicidade de ajudar alguém ir mais longe. Sejamos um canal por onde passam talentos que construirão um futuro melhor.
Sermos Pontes apontam para uma realidade que deveria ser destacada: somos um corpo e não um território fechado.
Os líderes devem viver questionando qual é o tipo de ministério que estão desenvolvendo. Se chegarem à conclusão de que estão construindo muros e vales então chegou a hora da demolição. Colocar muros abaixo. Ou então a hora da construção. Erguer pontes.
A realidade é que sempre haverá trabalho a ser feito para vivermos como um corpo e não como um território.

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